segunda-feira, 24 de agosto de 2009

24 de agosto de 1954 - Vargas sai da vida e entra para a História

Getúlio Vargas vê no suicídio a única saída para não renunciar

Há exatos 55 anos, na madrugada de 23 para 24 de agosto de 1954, o presidente da República Getúlio Vargas encerrou, com um tiro no peito, a mais grave crise política que seu governo já enfrentara até então, caracterizada por pressões de militares, políticos e da imprensa para que renunciasse a seu cargo de líder da nação. Ao suicidar-se no Palácio da Catete, no Rio de Janeiro, Getúlio deixava duas cartas endereçadas ao povo brasileiro, uma manuscrita e outra datilografada, em que explicava suas ações e acusava a oposição e o poderio americano de coibir as iniciativas de seu governo, não lhe deixando escolha senão a renúncia ou a morte.

As manifestações populares consequentes ao suicídio do presidente foram imediatas. No dia seguinte, quando uma das cartas testamento chegou ao conhecimento dos brasileiros pelos rádios, manifestações de indignação e revolta contra os adversários do "pai dos pobres" tomaram as ruas do Brasil, apedrejando embaixadas e consulados norte-americanos, e as redações de jornais opositores a Vargas. O udenista Carlos Lacerda, um dos grandes inimigos políticos de Vargas, fugiu do país com receio da ira popular. Em diversas cidades houve distribuição de fotos do ex-presidente.

O corpo de Getúlio Vargas foi enterrado na sua cidade natal, São Borja, no Rio Grande do Sul. Sua família recusou a oferta de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar o corpo para o sul, assim como todas as homenagens oficiais oferecidas pelo novo presidente, Café Filho.

O atentado da Rua Toneleros
O último mandato de Getúlio Vargas como presidente da República foi polêmico e tumultuado, com frequentes acusações de corrupção. Entretanto, o auge dos problemas de seu governo veio com o atentado da Rua Tonelero, em 5 de agosto de 1954. Nele, Alcino João Nascimento e Climério Euribes de Almeida, membros da guarda pessoal de Getúlio, atiraram contra Carlos Lacerda, jornalista opositor a Vargas, atingindo-o no pé e matando o major Rubens Florentino Vaz, da Força Aérea Brasileira (FAB). Na época, devido à crise que se desenrolou a partir do episódio, Getúlio declarou: "Carlos Lacerda levou um tiro no pé. Eu levei dois tiros nas costas". Menos de 20 dias depois o presidente se suicidaria.