5 de outubro de 1989 - Dalai Lama recebe o Prêmio Nobel da Paz
Em 1989, o Dalai Lama Tenzin Gyatso, líder espiritual do Tibet recebia o prêmio Nobel da Paz, em reconhecimento por sua luta pacífica de resistência ao domínio chinês sobre o território tibetano.
O Dalai Lama, que vivia exilado na Índia desde 1959, foi informado da premiação nos Estados Unidos, onde participava de um assessor d euma conferência internacional de paz. Reservado, limitou-se a informar, através de seu assessor, que se sentia "satisfeito" Tenzin Gyatso havia sido indicado ao prêmio Nobel da Paz por oito anos consecutivos e desta vez concorria com 20 organizações e 77 pessoas, entre elas o líder negro sul-africano Nelson Mandela, o ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan e o presidente da Fifa, o brasileiro João Havelange.
A premiação foi recebida com euforia e entusiasmo pelos seguidores do líder espiritual na cidade indiana de Dharmasala, no Himalaia, onde o Dalai Lama formou seu governo no exílio. "Ela nos ajudará a reforçar a luta pela independência. Terá um enorme impacto", afirmou Thupten Samphel, assessor do Dalai Lama, em entrevista por telefone à agência Reuters. "Por muitos anos fomos ignorados pela comunidade internacional porque adotamos um movimento de não-violência. Este prêmio é o reconhecimento de que a resistência pacífica é a melhor forma de luta", afirmou.
Ao receber a notícia, Wang Guisheng, conselheiro da embaixada da China em Oslo, sede do comitê organizador do Prêmio Nobel, disse que o sentimento do povo chinês estava "profundamente ferido" com a premiação de Dalai Lama. "As questões tibetanas são só e inteiramente um problema chinês", comentou, acusando os organizadores do prêmio de interferência em assuntos internos da China.
O Deus-rei do Tibete
Tenzin Gyatso nasceu em seis de julho de 1935, filho de uma família de camponeses da cidade de Chinghai, fronteira com a China. Aos dois anos e meio de idade foi reconhecido por monges budistas como a 14º reencarnação de Buda e, aos quatro anos, entronizado como o Dalai Lama, levado para Lhasa e instalado no paradisíaco palácio de Potala. Ali estudou filosofia budista até os 15 anos, quando foi proclamado Deus-rei do Tibete. Atualmente, persiste na sua luta pacífica pela autonomia política do Tibet, invadido pela República Popular da China em 1959.